quinta-feira, 9 de maio de 2013

Tsirihibina River Descent


We never thought we would wake up with an alarm clock so many times during our holidays, but it's well worth it. In fact our definition of "holidays" is more about exploring the world and living new experiences than resting. And as so we rose early once more to begin a whole new adventure - the Tsiribihina River descent.
Christoph, our pirogue captain, and Lanto from Tropic Voyage Tours, prepared the pirogue with every necessary thing for our three day journey - food baskets, two small stoves, charcoal, one tent and two sleeping bags, and even a chicken - alive - for dinner... They also did two improvised "seats" using our bags as back rests. The pirogue itself isn't more than a tree trunk carved in the middle, an old fashioned vessel, a bit unstable, with only a two finger distance to the water, exactly like the indigenous' vessels or that typical image of Pocahontas in the river.
And off we went, with Christoph rowing always at a constant pace and humming traditional songs. It's hard to describe the sensations of such an experience, the river's and landscape's grandiosity is too overwhelming, we feel tiny when surrounded by such natural beauty. Enjoying was all that was left to do...
On the first night we made camp on a little part of the river bank where about 10 people live. The children held on to us as if our arrival was a reason to celebrate. We were literally in the middle of nowhere, surrounded only by the sounds of nature and lit by a sky filled with stars that almost swallowed us up.
The next day we rose with the sun - literally - and with the oinking sounds of a pig that was around, and we kept going. We stopped in a wonderful waterfall where we bathed for a few hours. The clear water of the waterfall contrasts completely with the river's brown water, which doesn't even let us be aware of its depth. We were surprised a few times by people and cows crossing the river on foot... On the second night we stayed in a kind of islet completely by ourselves. And finally the time to eat our travel companion came... It's true we eat chicken all the time without even thinking, but watching the poor creature being killed after two days listening to its clucking gives us a bitter taste...
On the last day we had a big surprise! We saw a crocodile! Small, it's true, because even though it's forbidden, the population kills lots of crocodiles, to eat and to get the money the vain ladies pay to get real leather purses. We got various prizes during this trip: chameleons, snakes, birds of all sizes, shapes and colors; but seeing a crocodile was the most incredible prize and even a bit scary... It's impossible not to think of how many crocodiles may be under you.
At the end of the river trip we were taken to the tiny village of Antsikaraka on a zebu cart. Our objective was to get to Morondava, 200kms further down south, but there wasn't any transport available so we had to stay for one night. Antsikaraka is not even on the map, there's no running water or electricity. It's weird not to have the slightest idea of where we are, of having language limitations but still be able to mingle with the locals. And it makes us value all we have - the possibility to have a shower whenever we want - and we really needed one - or having a toilet instead of a hole on the ground.
We managed to get to Morondava the next day after a 5 hour ride on a taxi brousse and we chose to stay in a comfortable hotel. For 30 euros per night we have a bed with mosquito net and a bathroom with shower. Oh well... Luxury!




Descida do Rio Tsiribihina

Nunca pensámos que acordaríamos tantas vezes com despertador durante as nossas férias, mas vale muito a pena. Na verdade o nosso conceito de "férias" consiste mais em explorar o mundo e viver novas experiências do que propriamente sopas e descanso. E por isso madrugámos mais uma vez para iniciar cedinho uma nova aventura - a descida do rio Tsirihibina.
O Christoph, o nosso capitão de piroga, e o Lanto das Tropic Voyage Tours, prepararam a piroga com tudo o que era necessário para os três dias de viagem - cestos com comida, dois pequenos fogareiros, carvão, uma tenda e dois sacos-cama para as dormidas, e até uma galinha - viva - para jantar... Fizeram ainda dois "bancos" improvisados com as nossas mochilas a servir de encosto. A piroga em si não passa de um tronco cravado ao meio, uma embarcação à antiga, meio instável, com apenas dois dedos de distância da água, exactamente como as embarcações dos indígenas ou como aquela imagem típica da Pocahontas no rio.
E lá fomos nós, com o Christoph a remar sempre a um ritmo constante e a cantarolar músicas tradicionais. É difícil descrever as sensações de tal experiência, a grandiosidade do rio e da paisagem é demasiado esmagadora, sentimo-nos pequeninos rodeados de tal beleza natural. Restou-nos apenas desfrutar...
Na primeira noite acampámos num pequeno troço de margem onde vivem cerca de 10 pessoas. As crianças agarraram-se a nós como se a nossa chegada fosse um motivo de celebração. Estávamos literalmente no meio do nada, rodeados apenas dos sons da natureza e iluminados por um céu repleto de estrelas que quase nos engoliam.
No dia seguinte acordámos com as galinhas - literalmente - e com o roncar de um porco que andava por ali, e seguimos viagem. Parámos numa cascata maravilhosa onde nos pudemos refrescar um pouco durante umas horas. A água límpida da cascata contrasta completamente com a água castanha do rio que nos impede sequer de ter noção da sua profundidade. Fomos surpreendidos algumas vezes com pessoas e vacas a atravessar o rio a pé... Na segunda noite ficámos numa espécie de ilhota completamente sozinhos. E finalmente chegou a hora de jantar a nossa companheira de viagem... É certo que comemos muitas vezes frango e galinha sem pensar muito nisso, mas ver a matança do bicho depois de dois dias a ouvir o seu cacarejar deixa-nos um sabor um pouco amargo...
No último dia tivemos uma grande surpresa. Vimos um crocodilo! Pequeno, é certo, porque apesar de ser proibido a população mata crocodilos a torto e a direito, para se alimentarem e para ganharem o dinheiro que as senhoras chiques pagam para terem malas de pele verdadeira. Durante esta viagem fomos premiados com camaleões, cobras, pássaros de todas as cores, tamanhos e feitios, mas a visão do crocodilo é realmente a mais incrível e assustadora até... É impossível não pensar em quantos crocodilos podem estar debaixo de nós.
No final desta jornada fomos levados num carro de bois até à pequena vila de Antsikaraka. O nosso objectivo era seguir viagem para Morondava, 200 kms a sul, mas não havia nenhuma possibilidade de transporte e por isso tivemos de ficar uma noite. Antsikaraka nem sequer vem no mapa, não tem água corrente nem electricidade. É estranho não termos a mínima noção de onde estamos, de termos limitações de comunicação mas ainda assim conseguirmos confraternizar com a população local. E faz-nos dar valor a tudo o que temos - a possibilidade de tomar banho quando nos apetece - e acreditem, estávamos mesmo a precisar - ou de termos uma sanita em vez de um buraco no chão.
Conseguimos chegar a Morondava no dia seguinte depois de 5 horas num taxi brousse numa estrada de terra e optámos por um hotel com algum conforto. Por 30 euros por noite temos direito a uma cama com rede mosquiteira e uma casa-de-banho com chuveiro. Enfim... Um luxo!

















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